domingo, 28 de junho de 2009


Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo: gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção.

Esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais, de repente se percebem ameaçados e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam,descuidam, reclamam, deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem, precisam mais do que atendem, enchem-se de razões.


Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Saia cantando e olhe alegre. Para quem ama, toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção possível. Deixe o seu amor ser a mais verdadeira expressão de tudo que você é. Não se preocupe mais com as definições. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.

quinta-feira, 18 de junho de 2009



A tarde morna e sensual no poente vai descendo, mansa, lentamente, em dobras roxas no firmamento – como minha roupa quando me desnuda para a ansiedade dos seus braços...
A tarde, presa no cume das montanhas, foge silenciosa com a cautela de alguém que a espreita ao horizonte – como teu corpo acetinado, a camisa negra e indolente cai sobre o chão, despida de receios...
A tarde cai, vacila e demora. Em tons de vermelho, ruboriza o espaço – como as maçãs do meu rosto quando seu quadril roça em meu joelho enquanto me beijas o corpo mole do ocaso...
A tarde morna, com tons de luz fugida. Calor distante, vago perfume, gesto indolente – da seda soltando-se dos ombros nus por suas carícias azuis...

A tarde cai enquanto me despes.

segunda-feira, 15 de junho de 2009



Tu és em minha vida como terra descoberta na rota do navegante:
A visão de uma conquista sonhada que antes fora distante.
Viajei em outras vidas, noutras barcas, na promessa de um amor,
E foi teu corpo que me atraiu como mistério do oceano domador.

No temporal de indomáveis desejos contigo velejei,
Ao vento de tuas carícias, as ondas de meu corpo entreguei.
Aportei à ilha do teu amor, descansei meu aventureiro coração;
E dentro de uma garrafa velha, livrei-me da infâmia da sofreguidão.


[ 15.06.09 12:34 ] ~

quarta-feira, 10 de junho de 2009


Esta noite, sonhei.


Há tempos não sonhava algo significativo pra mim. Era noite, e eu olhava fixamente para o céu. Vi Vênus pela primeira vez. Não haviam nuvens, e de repente, avistei uma constelação. Eram pequenas estrelas, tão discretas, que passariam despercebidas por olhos quaisquer... Estavam agrupadas num cantinho do infinito, escondidas. Me encantaram em sua timidez.
Creio que meu olhar incessante fez com que se deixassem bailar. Esnobaram sua graciosidade, e em seguida, se foram. Se tornaram estrelas cadentes, e cada uma delas me concedeu um pedido. Não queria todos eles, mas apenas um.
Pensei por muito tempo. Queria algo que me fizesse feliz, que saciasse todos meus outros desejos, que preenchesse minha alma de amor sempre que as estrelas fossem ofuscadas por nuvens negras. Por fim, nada pedi.


Tudo que desejaria já encontro em você.

quinta-feira, 4 de junho de 2009




Vem, põe tua mão entre as minhas e comigo recorde velhos tempos,
Das noites em claro escrevendo pra outras almas, em outros momentos.
Lembro-me que buscava em sorrisos quaisquer a doçura do sentir,
E perdi-me na incessante busca daquela que ainda estava por vir.

Lembro-me do ciúme desvairado, do egoísmo que saboreei.
Recorda os mesmos sentimentos que também vivenciei?
Experimentei emoções lavadas no orgulho do domínio pensado,
Que minha deturpada mente solitária havia pra si criado.

Vem, deita no meu colo, fecha os olhos e relembra o passado.
Percebe que foi tudo necessário, que foi tudo aprendizado.
Era tolice da baixa estima, era poesia sem rima.

Toca meu rosto com sua mão fria, sente que sou verdade.
Entrelaça seus lábios dóceis e se perca na insanidade,
Vive o agora sem restrição, entrega seu corpo à loucura da rendição.






[ 04.06.09 ~ 13:31 ]