segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010




Não entendo as pessoas que se fecham pro amor. Realmente não compreendo. Claro, é natural do ser humano evitar aquilo que o faz mal, é instinto. Mas é necessário aprender que há, de fato, males que vêm pra bem, e que a vida é apenas uma sequência de aprendizados.

Da mesma forma que antes de você conseguir andar na sua super bicicleta sem rodinhas, tomou várias quedas e ralou o joelho, antes de você encontrar a pessoa com quem vai dividir o resto da sua vida, você irá vivenciar diversas experiências, que vão te ensinar como agir caso essas situações voltem a se repetir.

Aprendizados, aprendizados.

Eles nunca serão suficientes. A vida sempre estará te empurrando mais um ou outro, mesmo que você tente esquivar-se. E se você evitar demais, vai perder a oportunidade de crescer, não vai amadurecer. E quando aquela pessoa especial cruzar seu caminho, pode ser que passe batida e a chance de ser feliz passe direto por você...



Não, não esqueçam de amar...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010





Senti meu peito despedaçar-se.

Sensível coração, não sabe que me fazes chorar ao recordar o passado? Parece agradar-te a lembrança da perda. Com a chegada do crepúsculo e o domínio da Lua sobre o firmamento, meu tolo íntimo perece ao repassar o filme de um amor abrasivo. Uma estrela revelou-me que lágrimas são pequenos souvenirs de cada purificação da essência humana: chora-se para expurgar maus sentimentos. Os olhos choram o que me machuca a alma.

Ao notar as pequenas gotas dimanando por minha face, fitei minhas amadas estrelas, sempre esbanjando sua etérea beleza nas noites álgidas do meu desespero. Ao perceberem um olhar vazio, duas delas desceram do céu e vieram acalmar minha desesperança. Cerrei os olhos e senti o corpo cada vez mais leve. Flutuando entre elas, bailava num oceano de brandura. Por alguns instantes, pude ouvir cada pulsar do meu coração impulsionando o sangue a correr pelas veias e artérias.

Misturei-me à imensidão de candidez e meu espírito aquietou-se. Colocaram-me novamente no leito macio. Colheram algumas lágrimas que caíram enquanto vigiavam meu sono – pequenas contas de amargura cor-de-pérola. Trançaram com fios de neón, roubados da abóbada celeste, uma afetuosa pulseira que sempre faria recordar que estes sentimentos já haviam sido extintos, e não mais possuía o direito de chorar por eles. O bracelete de tormento me traria a memória da rendição.


Lembro de ti, e docemente sorrio. Tua memória, hoje, é de afeto e mansidão. Agradeço às estrelas - conhecedoras de mim, conhecedoras do amor em forma bruta: insurgente, suave, alucinado, singular e intocável.

terça-feira, 29 de setembro de 2009




Que importa se chove?
Eu não vejo a tristeza dos céus, eu vejo é a alegria da terra.


Que importa se a chuva nos espia curiosa pela janela,
Quando só o que vejo é o sol que brilha reluzente em teu olhar?
Não ouço a música da chuva na noite, nem o vento batendo as janelas da casa.
Ouço o canto da tua boca, que na entrega ao pudor me vem embriagar.


Que importa se chove, se há vento, se há frio,
Se aqui em nossa cama as estrelas nos cobrem de carinho e calor?
Não deixo o firmamento encantar meus olhos com fios de água:
Só mata minha sede o que bebo de teus lábios no ápice do nosso amor.

Que me importa a vigília do céu nublado quando passo a dormir
Com teus braços envoltos em minha cintura no quarto escuro?
Esclareces novamente que unicamente sou tua,
E o quarto se ilumina com a clareza das verdades que te juro.

Não sinto a chegada do sono, e me encolho em teu encaixe.
Com a alma entrelaçada na tua, o coração se comove.

E após um ano sob a proteção de teu amor, que importa se chove?

terça-feira, 8 de setembro de 2009



Vinde a mim, mulher bela, mulher pura. Serás a suprema em minha aflição. Venha, cansei de vagar nas ruas. Trago no olhar o tédio de almas vazias, que não sei de onde vêm, não sei pra onde vão. Vinde a mim, com a água clara e milagrosa da fonte de teus beijos. Envenene meus lábios com os vinhos e pecados que encontro nas poças de desejo à margem de nosso destino.


Deixe que eu repouse, que eu descanse, que eu viva um segundo sequer liberta das angústias e desejos insanos. Estenda teus braços serenos e dê-me a paz. Deixe que eu adormeça em teu corpo à carícia de tuas mãos, e alegremente, não desperte mais.

domingo, 28 de junho de 2009


Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo: gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção.

Esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais, de repente se percebem ameaçados e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam,descuidam, reclamam, deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem, precisam mais do que atendem, enchem-se de razões.


Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Saia cantando e olhe alegre. Para quem ama, toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção possível. Deixe o seu amor ser a mais verdadeira expressão de tudo que você é. Não se preocupe mais com as definições. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.

quinta-feira, 18 de junho de 2009



A tarde morna e sensual no poente vai descendo, mansa, lentamente, em dobras roxas no firmamento – como minha roupa quando me desnuda para a ansiedade dos seus braços...
A tarde, presa no cume das montanhas, foge silenciosa com a cautela de alguém que a espreita ao horizonte – como teu corpo acetinado, a camisa negra e indolente cai sobre o chão, despida de receios...
A tarde cai, vacila e demora. Em tons de vermelho, ruboriza o espaço – como as maçãs do meu rosto quando seu quadril roça em meu joelho enquanto me beijas o corpo mole do ocaso...
A tarde morna, com tons de luz fugida. Calor distante, vago perfume, gesto indolente – da seda soltando-se dos ombros nus por suas carícias azuis...

A tarde cai enquanto me despes.

segunda-feira, 15 de junho de 2009



Tu és em minha vida como terra descoberta na rota do navegante:
A visão de uma conquista sonhada que antes fora distante.
Viajei em outras vidas, noutras barcas, na promessa de um amor,
E foi teu corpo que me atraiu como mistério do oceano domador.

No temporal de indomáveis desejos contigo velejei,
Ao vento de tuas carícias, as ondas de meu corpo entreguei.
Aportei à ilha do teu amor, descansei meu aventureiro coração;
E dentro de uma garrafa velha, livrei-me da infâmia da sofreguidão.


[ 15.06.09 12:34 ] ~